Esse artigo aqui é pra você que acha que, pra ler bons livros, basta ser alfabetizado, comprar o livro e começar a ler. Tá errado. Estou aqui pra te dar três modelos de organização das suas leituras.
Na minha opinião, existem basicamente três formas. É claro que pode haver casos fora da curva, mas acho que tudo se encaixa nesse tripé. E, como todo mundo brinca, parece que todo presbiteriano só fala em três pontos, né? Mas tudo bem, vamos lá.
1. Leitura caótica
A primeira forma é a leitura sem organização. A pessoa lê por indicação: alguém recomenda um livro, ela compra. É o “livro do momento”, e ela começa a ler.
A Carol, minha esposa, é um pouco assim. Eu indico um livro, ela vê alguém postando sobre ele, ou uma editora lançando, e vai atrás. Ela começa um, depois outro. E qual o problema disso? Você fica à mercê da próxima indicação. Acumula dois, três livros na cabeceira, todos começados, nenhum terminado.
Não há compromisso com a conclusão. E leitura precisa de direção. Mesmo eu, que leio bastante, também leio de forma caótica às vezes — geralmente quando é algo que me desperta curiosidade, mas não é essencial. Só que esses livros, em geral, ficam pelo caminho. Acho que uns 80% dos brasileiros que leem organizam suas leituras assim: de forma caótica.
2. Leitura para objetivos específicos
A segunda forma é ler com um propósito: preparar uma aula, um sermão, um estudo de pequeno grupo, ou lidar com um tema específico como criação de filhos, casamento, trabalho. Você está lendo para alguma coisa.
Eu gosto muito desse tipo de leitura — na verdade, minha vida gira em torno disso. Leio para preparar aulas no Invisible College, sermões, escola dominical… 90% do que leio tem um propósito.
Esse tipo de leitura tem foco e prazo. Você tem um mês, dois, três para terminar antes da data da aula, do estudo. Não dá pra passar a adolescência inteira do seu filho lendo um livro sobre adolescência. Você precisa ler antes pra conseguir lidar com aquilo.
Além disso, como a leitura tem um fim prático, é mais fácil concluir. Terminou o trabalho, o curso, a aula — pode seguir para a próxima.
3. Leitura por curadoria
A terceira maneira é a leitura guiada por curadoria. Funciona assim: você é, por exemplo, um psicólogo cristão e quer ler mais sobre sua área. Então você busca um psicólogo cristão mais experiente, alguém que tenha uma vida de estudos sólida, e pede indicações.
Isso é leitura por curadoria: alguém que você respeita, confia e que te diz por onde começar. “Leia esse primeiro, depois esse…” — isso faz muita diferença. Às vezes, é um professor, um mentor, seus pais… alguém que passou por uma experiência parecida e te recomenda algo valioso.
Nem todo mundo tem alguém assim por perto, e é por isso que muitos recorrem a influenciadores, a pessoas na internet. Pedem listas de livros, sugestões — isso também é um tipo de curadoria.
O Invisible College, por exemplo, é uma grande curadoria. Recentemente, mostrei numa mesa os livros do curso Essencial, do Avançado e do Filosófico. Se a pessoa percorre isso em três anos, é uma leitura incrível. Um amigo meu, que edita esses vídeos, disse que o brasileiro médio levaria uns 10 anos pra ler tudo aquilo. A gente faz em três. Por quê? Porque há curadoria, prazo, acompanhamento: “Leia isso em um mês, entregue um fichamento ou uma resenha”.
É diferente de uma leitura caótica ou apenas instrumental. Com curadoria, você está se formando: como cristão, profissional, pai, mãe, obreiro.
De todas, essa é a melhor forma de organizar suas leituras. É um caminho, uma formação, uma jornada.
Mas se você está sobrecarregado, precisando ler de forma mais objetiva, use o segundo modelo — e tente tornar isso prazeroso. Escolha o tema da escola dominical que vai ministrar, ou a série de estudos bíblicos. Assim, você organiza melhor e lê com mais gosto.
Agora, o que não recomendo é manter uma leitura caótica ou, pior, não ler nada. Você vai se desanimar, comprar livros, gastar dinheiro, deixar tudo parado, e começar a duvidar se leitura é pra você. E leitura é pra você.
Ler é essencial para a maturidade cristã. É uma forma de comunhão com irmãos do passado e do presente, que deixaram registradas palavras que nos ajudam a crescer. Por isso, aqui estão minhas três orientações de leitura para você.
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