Laboratório invisível apresenta:
A pesquisa sobre Competências do Futuro foi conduzida a partir de um referencial teórico embasado na teologia cristã neocalvinista reformada, especialmente a antropologia filosófica de Herman Dooyeweerd e seus desdobramentos nos campos da psicologia, sociologia e pedagogia. Um dos objetivos centrais foi desenvolver ferramentas e instrumentos de avaliação diagnóstica e autoavaliação não reducionistas, coerentes com um modelo de personalidade biblicamente fiel.
Consideramos que esse é um projeto inovador na medida em que mapeamos nas diversas fontes nacionais e internacionais as principais habilidades que os pesquisadores têm apontado como necessárias para o aprendizado no mundo da escola e no mundo do trabalho conectados por meio de novas tecnologias digitais.
Sabemos que toda análise social e cultural não é uma prática religiosamente neutra. Portanto, toda a pesquisa, coleta, categorização e interpretação dos dados tem sido conduzida a partir de uma abordagem teórico-metodológica que se baseia na tradição cristã reformada e neocalvinista.
O desideratum que orienta a operacionalização e aplicação dos resultados da pesquisa é o desenvolvimento de uma estrutura cognitiva adequada para encaixar de forma harmônica as diversas dimensões da vida cristã: estudo teológico e evangelismo; piedade e criatividade; justiça social e santidade.
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Equipe Invisible College
1º COMPETÊNCIA
Se adaptar diante da velocidade das mudanças e fluidez do mundo.
Entendendo que estamos em um contexto cada vez mais complexo, com mais informação, com mais velocidade e com mais conexão, compreender e colocar em diálogo diferentes áreas do saber se faz cada vez mais necessário.
Assim, conceitos como flexibilidade cognitiva e transdisciplinaridade são palavras-chaves para essa capacidade.
“Uma habilidade essencial durante a 4ª revolução industrial será a capacidade de ver a mudança não como um fardo, mas como uma oportunidade de crescer e inovar.” (Bernard Marr)
Um aspecto muito importante dessa primeira capacidade é o autoconhecimento. Nos compreendermos melhor para termos clareza das nossas limitações e daquilo que precisa ser melhor desenvolvido para esse novo cenário.
Principais habilidades:
Resiliência, flexibilidade cognitiva, pensamento adaptável, abertura a mudanças, transdisciplinaridade, gerenciamento de carga cognitiva, inteligência emocional, confiança, equilíbrio, autoconhecimento e autocuidado.
Para todos que se dispõem a pensar teologia, a capacidade adaptável é importante tendo em vista que essa disciplina está em constante diálogo e relação com outras áreas do saber. Portanto, habilidades de pensamento adaptável e de flexibilidade cognitiva são indispensáveis.
No Programa de Tutoria do Invisible College, o desenvolvimento da habilidade de compreensão, relacionada ao conteúdo estudado, bem como o gerenciamento emocional, buscando equilíbrio entre os estudos e as demais áreas da vida, são duas das habilidades desenvolvidas nessa primeira competência.
2º COMPETÊNCIA
Diante de uma quantidade cada vez maior de narrativas, ser crítico em relação à leitura do mundo e da realidade é algo cada vez mais importante.
“Em ambientes com ritmo de mudança acelerado, não dá tempo de esperar alguém (professor, jornalista, autores etc.) analisar os acontecimentos para fundamentar nossas decisões.” (Martha Gabriel)
A capacidade crítica está diretamente ligada à autonomia de pensamento, no sentido de ter fundamentação e categorias para discernir diferentes situações e ter as melhores tomadas de decisões nelas.
“Embora máquinas e dados possam processar informações e fornecer informações que seriam impossíveis de serem coletadas por seres humanos, em última análise, um ser humano precisará tomar a decisão de reconhecer as implicações mais amplas que a decisão possa ter em outras áreas de negócios, pessoal e o efeito em outras áreas.” (Bernard Marr)
Principais habilidades:
Pensamento crítico, raciocínio dedutivo, julgamento e tomada de decisão, questionamento e argumentação
A teologia é uma disciplina que nos auxilia, dentre outras coisas, na leitura do mundo. O desenvolvimento da capacidade crítica é vital nesse processo por si só.
Diante da complexidade cada vez maior do nosso mundo, bem como os novos dilemas éticos envolvendo, por exemplo, o uso de mídias e tecnologias emergentes, essa competência será ainda mais necessária.
As leituras propostas no Programa de Tutoria são a principal – embora não exclusiva – forma que o Invisible College tem de contribuir no desenvolvimento dessa habilidade.
3º COMPETÊNCIA
Diferentemente do que normalmente associamos, a capacidade criativa não é uma exclusividade de artistas, por exemplo.
Num contexto futuro, o desenvolvimento da criatividade será uma necessidade de todas as pessoas. Ela está diretamente relacionada com a resolução de problemas, no sentido mais amplo do termo.
É a capacidade criativa que nos permite ter uma execução inovadora, ou seja, atender a uma necessidade por meio de uma solução diferente do habitual.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) adotada no Brasil coloca o pensamento científico, crítico e criativo como uma das competências necessárias a serem desenvolvidas :
“Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
Principais habilidades:
Criatividade, experimentação, execução inovadora, originalidade, fluência de ideias, solução de problemas complexos, visão transformadora, mentalidade de design, experimentação e pensamento científico, crítico e criativo.
Diante de novos desafios ou situações atípicas, a busca por soluções que sejam executáveis, satisfatórias e sustentáveis é cada vez mais necessário. A pandemia do Coronavírus foi um exemplo disso.
Em um período muito curto de tempo, foram impostas mudanças radicais na nossa rotina, demandando uma busca por alternativas para o culto público ou as outras atividades eclesiásticas.
A capacidade criativa é fundamental em situações como essas!
Uma forma de desenvolvê-la, que usamos no Programa de Tutoria, é a escrita. Através dela, a organização e fluência de ideias são desenvolvidas e aprimoradas.
4º COMPETÊNCIA
Entender o ser humano e sua interação cultural é um desafio, mas, ao mesmo tempo, uma necessidade!
Olhar para frente e ter uma percepção ativa na busca por tendências comportamentais e hábitos é imprescindível para a produção teológica e aplicação contextualizada do Evangelho.
Áreas do saber como a sociologia, a antropologia, a neurociência e a psicologia são cada vez mais relevantes dentro desse cenário.
A busca intencional por um repertório cultural amplo também é uma das características dessa competência, nos dando a possibilidade de operar em diferentes contextos culturais.
Principais habilidades:
Compreensão do comportamento humano, percepção social, visão contextual, inteligência social, inteligência cultural, diversidade e repertório cultural.
A pregação, no seu sentido mais amplo, é um processo de tradução: quem está comunicando precisa traduzir a mensagem bíblica para o contexto e a realidade da sua audiência.
Compreender o outro e o seu contexto cultural é fundamental para uma comunicação eficaz do evangelho, seja enquanto uma exposição através do sermão, seja em uma contextualização evangelística.
É necessária uma intencionalidade nesse sentido, de investigar a cultura e estar sensível às suas mudanças.
5º COMPETÊNCIA
Essa competência está diretamente relacionada com a alfabetização em novas mídias. Para o The Future Institute, isso significa:
“A capacidade de avaliar e desenvolver criticamente o conteúdo que utiliza novas formas de mídias, e alavancar essas mídias para comunicação persuasiva.”
Para ir mais além, a capacidade tecnológica diz respeito à compreensão e uso de novas ferramentas que estarão cada vez mais presentes no nosso cotidiano, tendo um impacto real na nossa economia, nas relações de trabalho, nas relações e na cultura de um modo geral.
“A quarta revolução industrial é alimentada por inovações tecnológicas como inteligência artificial, big data, realidade virtual, blockchains e muito mais.” (Bernard Marr)
A cultura digital é uma das competências também presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC):
“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”
Principais habilidades:
Compreensão tecnológica, pensamento computacional, alfabetização em novas mídias, habilidades tecnológicas, análise de sistemas, monitoramento e cultura digital.
No nível mais básico, a capacidade tecnológica diz respeito a compreender e saber manusear os diferentes recursos e mídias disponíveis.
Embora possa haver certa resistência nesse sentido, como toda mudança tem, esse é um cenário que não pode ser evitado. A conectividade é uma realidade e o acesso a ela será cada vez mais difundido.
No nível mais amplo, ela diz respeito não apenas a compreender e saber usar a tecnologia, mas também a como otimizar esse uso para otimizar processos e na resolução de problemas.
6º COMPETÊNCIA
A questão social sempre esteve presente entre os seres humanos. Mas a tecnologia e, principalmente a internet, possibilitaram um contexto de intensa conectividade.
Dentro desse contexto, a colaboração se torna uma competência fundamental em diferentes aspectos.
Se importar com a responsabilidade da parte em relação ao todo através do uso consciente e intencional dos recursos que nos estão disponíveis é uma necessidade de todas as pessoas que se dispõem a fazer teologia e aplicá-la publicamente.
Ter uma consciência digital, no que diz respeito ao comportamento, à comunicação e às práticas adotadas em rede é um dos pilares dessa competência.
“A priorização do ser humano (…) num contexto de ameaça da tecnologia de substituir nossas competências técnicas – o que nos obriga a focar em nosso lado mais humano.” (Andrea Iorio)
Principais habilidades:
Altruísmo digital, colaboração virtual, conexão, liderança, empatia, comunicação interpessoal, crescimento sustentável, senso de comunidade, acolhimento, interação, escuta, generosidade, coordenação, influência, cooperação, responsabilidade e cidadania.
A questão da colaboração sempre esteve presente na história. No entanto, nunca vivemos em uma época tão favorável para isso, devido à conectividade.
Permear dentre os vários ambientes digitais e ter um senso de colaboração neles é algo importante em um mundo no qual a mídia tradicional não possui mais o monopólio da produção de conteúdo.
Aqueles que se dedicam, formalmente ou não, ao estudo teológico possuem uma riqueza enorme nas mãos. Compartilhar essa riqueza de forma sábia e generosa é colocar a capacidade colaborativa em prática.
7º COMPETÊNCIA
Vivemos em um contexto no qual a quantidade de informação disponível – seja gratuitamente, seja paga – é enorme!
Saber navegar nesse oceano de conteúdo e extrair dele algo que sirva para a construção do conhecimento é uma habilidade necessária e desejável.
Compreender os processos educacionais e como eles podem ser explorados de forma autodirigida é um fator de diferenciação e, em breve, será uma exigência desse novo tempo.
A Pearson define aprendizagem ativa colocando-a como uma das mais importantes habilidades para 2030:
“Compreensão das implicações de novas informações para a solução de problemas e a tomada de decisões atuais e futuras.”
Principais habilidades:
Estratégias de aprendizagem, instrução, aprendizagem ativa, coerência, desejo, coragem, curiosidade e conhecimento.
Modelos alternativos de educação estão tendo cada vez mais espaço, por darem maior autonomia e responsabilidade aos estudantes. Apesar das barreiras que ainda existam sobre eles, ter condições para uma aprendizagem autodirigida, por exemplo, por ser muito enriquecedor.
No nosso Programa de Tutoria, a capacidade ativa é desenvolvida por meio de pesquisas, das metodologias ativas propostas e da organização pessoal dos estudantes.
Aligning For Digital Future
MIT, 2016 – https://bit.ly/31TPz6Y
6 Competências para Surfar na Transformação Digital
Andrea Iorio, 2019 – https://amzn.to/2DPBH5Y
Core Skills
Alex Bretas, 2020 – https://amzn.to/2F6ReyZ
Doutorado Informal
Alex Bretas, 2016 – https://bit.ly/3hj34mx
Future Work Skills 2020
Institute For The Future, 2011 – https://bit.ly/33erfgV
Skill Requirements for Future Jobs
Pew Research, 2018 – https://pewrsr.ch/3140Su5
The 10 Vital Skills You Will Need For The Future Of Work
Bernard Marr, 2019 – https://bit.ly/3iTJ3Ep
The Future Skills
Pearson, 2017 – https://futureskills.pearson.com
Você, Eu e os Robôs
Martha Gabriel, 2018 – https://amzn.to/3m1LHtY