Artigo acadêmico escrito por Giovanna Souza Daniel1, estudante do Programa de Tutoria Avançada 2025
Resumo
O presente artigo tem como intuito explorar a aplicação do método teodramático de Kevin J. Vanhoozer – em especial, o conceito de jornada teodramática – na educação cristã clássica, tendo como vetor o cultivo de uma imaginação canonicamente orientada. Em síntese, com base no conceito de drama da doutrina proposto por Vanhoozer, esta investigação examina os pontos de contato com os fundamentos da educação cristã clássica, destacando a necessidade de desenvolver um imaginário teodramático que favoreça não somente a formação sapiencial do ser humano, mas uma prática cristã fiel e contextualmente adequada. Assim sendo, a pesquisa revela a imaginação como um instrumento capaz de costurar Palavra e vida, isto é, o texto bíblico e contexto contemporâneo. Não obstante, faz-se mister que tal imaginação seja pautada pelas figuras de linguagem sancionadas pelo cânon bíblico, sendo este o primeiro passo concreto do cristão na jornada teodramática, a qual consiste em amar, entender e participar da história de Deus. Para a realização deste trabalho, utilizou-se uma metodologia teórica, dedutiva e exploratória, visando tornar o tema mais claro para a comunidade acadêmica. Ademais, a pesquisa bibliográfica foi aplicada com o amparo de livros e artigos científicos disponíveis nas plataformas Scielo e Google Scholar.
Palavras-chave: teodrama; educação cristã clássica; imaginação canônica; sabedoria prática; jornada teodramática.
Introdução
Através das Escrituras, o Senhor escolheu revelar-se de maneira dramática. Esta natureza dramática da doutrina se desdobra por meio de uma história contínua, trazida à vida por atos de fala de Deus, atos que não apenas comunicam, mas exigem uma resposta de fé. Nesta luz, a teologia se revela como uma prática profundamente entrelaçada ao cotidiano. Dito isso, a partir do momento em que a teologia passa a ser compreendida como uma prática, isto é, uma ação, torna-se nítida a tensão existente entre Palavra e vida, bem como a necessidade de integrá-las outra vez.
Perante este desafio, o presente trabalho propõe-se a refletir acerca da aplicação do método da jornada teodramática na educação cristã clássica a fim de promover o cultivo de uma imaginação canônica e conduzir a uma formação sapiencial cristã voltada à prática fiel e contextual na realidade. Em outras palavras, esta pesquisa busca responder à seguinte questão: como a imaginação canônica pode ser aplicada na educação cristã clássica? Assim sendo, o objetivo central é oferecer a jornada teodramática na educação cristã clássica como método capaz de promover a sabedoria prática e orientar a caminhada cristã no mundo secular, formando convicções, sentimentos e comportamentos alinhados com a mente de Cristo.
Para tanto, o artigo será dividido em três eixos principais. No primeiro capítulo, serão explorados os conceitos teodrama, performatividade cristã (“encenação fiel”2) e senso narrativo enquanto vetor para a consciência do homem frente ao cânon e aos seus contextos atuais. Doutra borda, o segundo capítulo iniciará com uma apresentação das virtudes sapienciais e terá como enfoque a integração da educação cristã clássica ao dilema apresentado, propondo o cultivo da imaginação canônica como ponte hermenêutica entre teoria e prática, texto e contexto, Palavra e vida. Por fim, o terceiro capítulo esboçará um modelo de aplicação das ideias recomendadas.
1. Passos no palco: performatividade cristã e senso narrativo
Em sua essência, as Escrituras chegam ao povo de Deus como uma proclamação para a vida, uma verdade que se costura no cotidiano das pessoas. Deste modo, o distanciamento em relação à vida implica também em um distanciamento da própria Palavra: a leitura bíblica pode e deve repercutir no cotidiano. Puxar um fio do texto é puxar um fio da vida, com efeito de que se trata, em verdade, de um trabalho de entrelaçar dois textos para formar um só: a Palavra na vida e a vida na Palavra. A teologia, portanto, deve considerar a tensão entre o contexto divino e os contextos vividos, trazendo o elemento da revelação para os desafios atuais, em seus diversos condicionamentos. Sobre esse alicerce, torna-se nítida a necessidade de fomentar uma atuação cristã fiel e contextualizada.
De acordo com Kevin Vanhoozer (2016, p. 11), “o evangelho – graciosa autocomunicação em Jesus Cristo – é inerentemente dramático”. Neste paradigma, a busca da identidade pessoal e teológica assume uma forma narrativa e, quando essa narrativa é vivida com outros, revela-se como um drama teatral. Neste drama, cada cristão figura como um ator3, responsável por “encenar” o cânon bíblico na realidade, transpondo a Palavra para a vida, ou seja, costurando o texto escriturístico nos contextos em que se encontra inserido.
Assim, de maneira muito prática, através de seus testemunhos, as Escrituras se inserem no cotidiano e fazem novas testemunhas. A verdadeira compreensão, portanto, envolve uma ação, uma resposta de fé que se desenrola na realidade, uma participação na história, uma performatividade em relação à vida, uma “encenação”, nas palavras de Vanhoozer. Esta é a diferença entre letra morta e palavra viva: a expectativa é de que o leitor corresponda, agindo de acordo com o que a Bíblia transmite; o testemunho é completo na ação de quem recebe a mensagem, sendo essa uma “leitura praticante do sentido” (Josgrilberg, 2011, p. 48). Não basta conhecer o roteiro bíblico; antes, é necessário exercê-lo. A verdade bíblica deve ser comprovada não apenas ao nível teórico, mas em uma dimensão prática, pois ninguém entende nem pode participar da verdade de Deus sem participar da história de Deus: o drama bíblico canônico.
A forma como a prática comunicadora divina vem a ser conhecida nos obriga a participar, a aprender a falar e a ver de acordo com os quocientes canônicos, a nos tornar aprendizes na sociedade de literatura bíblica. O objetivo desse aprendizado é perceber a forma de Cristo no coração do teodrama e, assim, cultivar a mente de Cristo. O que é necessário não é simplesmente informação, mas formação, tanto intelectual quanto espiritual (Vanhoozer, 2016, p. 267).
A grande questão, portanto, é: como viver o drama? Como encená-lo com fidelidade? Como dar continuidade ao cânon? A resposta de Vanhoozer é simples e direta: “para participar adequadamente do teodrama, devemos não apenas conhecer o nosso papel, mas desejar representá-lo” (2016, p. 270). De acordo com essa concepção, o drama da doutrina envolve conhecer e amar o teodrama, compreender a ação de Deus por meio de Cristo e participar dessa obra. Isso gera sabedoria: a percepção e participação adequadas no teatro da redenção4.
Neste sentido, observa-se que o conhecimento é pactual, isto é, assim como uma aliança, confere privilégios e demanda responsabilidade de seus participantes5. Envolve obediência. Assim, o critério de competência cristã – que determina as crenças, discursos e ações dos cristãos – não é outro senão Cristo, o único capaz de satisfazer plenamente o seu papel teodramático. Em Jesus somente repousam “todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Colossenses 2:3); destarte, é papel do cristão imitá-lo. “Somente Deus conhece o caminho para a sabedoria; ele sabe onde encontrá-la” (Jó 28:23); logo, cabe a todo homem seguir os seus passos.
Não obstante, para alcançar fidelidade às Escrituras e adequação ao contexto contemporâneo, a “encenação” não deve consistir na mera repetição literal, mas na sabedoria prática que se revela na interseção entre coesão textual e compreensão contextual. Para adentrar a metáfora de Vanhoozer, a fim de seguir adiante com o teodrama, é necessário que o cristão conheça o roteiro suficientemente bem não apenas para representá-lo, mas para que saiba improvisar com humildade e coragem, discernimento com responsabilidade perante a doutrina e as circunstâncias cotidianas.
Deste modo, com o intuito de cumprir com este objetivo, faz-se mister o cultivo de um senso teodramático. Trata-se de uma dupla consciência: enquanto a consciência canônica discerne o mundo sob a ótica do teodrama, a consciência contextual questiona o que se deve fazer a respeito, isto é, o que é exigido do homem, em seu contexto específico, para que possa “dar ao mundo um fiel testemunho a respeito da nova criação ‘em Cristo’” (Vanhoozer, 2016, p. 339).
Seguir os passos de Jesus, neste sentido, envolve bom juízo – a capacidade de deliberar bem6 – processo que ocorre, em grande parte, através da formação da mente de Cristo: uma imaginação coerente com o evangelho, um senso de direção no interior do teodrama, mas capaz de conduzi-lo para fora, movendo-se da prosa das Escrituras à prosa da vida.
2. Teologia e educação: caminhos de sabedoria
Em sua raiz grega, a educação clássica concerne a formação integral de um apto cidadão através da iniciação na cultura – na paideia – da polis. Assim sendo, na concepção de Aristóteles, a educação – enquanto este processo de enculturação ou de cultivo da cultura – consiste em “ensinar o aluno a gostar e não gostar devidamente” (Turley, 2020, p. 14). Trata-se, portanto, de “educar o desejo” (Vanhoozer, 2016, p. 274).
Partindo deste conceito, em Efésios 6:4, o apóstolo Paulo exorta os pais a criarem seus filhos na paideia não dos gregos ou romanos, mas na “paideia do Senhor”. Esta é uma paideia que não é deste mundo, importando, assim, uma cultura de outro mundo, o próprio mundo do céu. Assim, a educação cristã clássica consiste justamente nesta formação do cidadão celeste conforme o próprio Cristo, um processo que envolve tanto a mente quanto o coração, cativando a razão e o afeto, a imaginação e a prática. Dito isso, observa-se que existem pontos de conexão entre a educação clássica e os conceitos propostos por Vanhoozer.
A “mente de Cristo” não diz respeito apenas ao quociente intelectual de Jesus ou ao conhecimento por ele acumulado, mas a seu habitus: o padrão distintivo de todos os seus atos intencionais — desejos, esperanças, crenças, vontades, emoções, bem como pensamentos. A “mente de Cristo” diz respeito ao padrão característico dos julgamentos ou juízos de Jesus — ao modo como ele processa as informações e ao produto desse processamento: a sabedoria corporificada de Deus (Vanhoozer, 2016, p. 271).
Em outros termos, a mente de Cristo refere-se ao conjunto de hábitos e virtudes morais, intelectuais e espirituais que fundamentam todas as ações e palavras de Jesus, o padrão último de sabedoria prática: bondade, beleza e verdade em adequação teodramática. Depreende-se, portanto, que só é possível conhecer, compreender e participar do teodrama através de Cristo7. O desenvolvimento da mente de Cristo, assim, une imaginação e ação, teoria e prática na forma de hábitos. Porém, a principal distinção entre a educação clássica e os conceitos apresentados por Vanhoozer é que, na perspectiva teodramática, a imaginação deve ser orientada pelo cânon. Em outras palavras, o conceito de imaginação canônica como ferramenta hermenêutica pode ajudar a moldar a percepção dos estudantes, incentivando uma leitura das Escrituras que não se limita ao mero entendimento intelectual, mas os conduz a uma participação ativa na história da redenção. Neste diapasão, a jornada teodramática se apresenta como um recurso profícuo para a formação da imaginação canônica e dos hábitos correlatos à sabedoria de Cristo.
3. Jornada teodramática: conhecer, amar, compreender e participar do drama de Deus
Longe de representar um conceito novo, a jornada teodramática remonta à antiga prática de catequese batismal, a qual tinha como objetivo ensinar os recém-convertidos a participar corretamente da vida cristã, isto é, entrar na história de Deus e “encenar” o drama canônico de modo adequado. Para tanto, é necessário conhecer o roteiro bíblico, seus contextos e personagens8. No entanto, tais realidades demandam dramatização, ou seja, uma ação prática condizente. Não basta uma aceitação intelectual ou uma afirmação teórica subjetiva e sem aderência à realidade; antes, o que é exigido do cristão é uma série de decisões efetivas “quanto ao que se deve dizer e fazer em situações específicas” (Vanhoozer, 2016, p. 339). Trata-se da teologia em ação, a sabedoria de Cristo colocada em prática.
Neste tocante, o termo utilizado por Vanhoozer a fim de descrever a sabedoria prática é fronesis – a razão prática. De acordo com este autor, a fronesis decide o que deve ser feito no momento presente – isto é, visa “o novo em Cristo”: o falar e o agir conforme as boas notícias de Cristo. Assim sendo, a jornada teodramática implica em uma trajetória contínua do discipulado de mentes e corações aos moldes da imaginação canônica: deve-se aprender a pensar canonicamente, utilizando as metáforas do cânon, as “formas de vida” do cânon. Conforme afirma Vanhoozer:
Ao ingressar nos mundos que os autores canônicos criam para nós, desenvolvemos a habilidade de interpretar nosso mundo e, mais importante, a habilidade de ver, dizer, julgar e fazer o que tem uma adequação cristodramática à nossa situação. Fronesis é a habilidade canonicamente nutrida de dizer e fazer o “adequado em Cristo” em contextos relativamente singulares, de modo apropriado a essa relativa singularidade (Vanhoozer, 2016, p. 347).
A fronesis, portanto, pode ser mais bem definida como uma percepção virtuosa aliada à improvisação disciplinada que conduz ao entendimento criativo. A percepção denota uma sensibilidade ao texto e aos contextos contemporâneos. Por outro lado, a improvisação, na noção teodramática de Vanhoozer, remete à adequação contextual do texto bíblico na vivência cristã. Pressupõe-se, portanto, conhecimento e disciplina quanto ao roteiro bíblico, a ponto de encarnar a essência das Escrituras em situações reais e cotidianas. Assim, exige-se imaginação e criatividade no entendimento justamente para realizar o processo de transposição da prosa das Escrituras à prosa da vida.
Essa abordagem pode ser embasada no próprio Jesus, “o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). No que diz respeito ao primeiro ponto, “pertencer a um caminho é seguir por ele” (Vanhoozer, 2016, p. 31). Deste modo, se, da perspectiva hermenêutica, a Bíblia é um livro performativo por excelência, só é possível ler, crer, compreender e praticar a palavra do caminho ao caminhar.
Quanto ao segundo aspecto, “confessar Jesus como a verdade é aceitar seu caminho como totalmente autêntico – verdadeiro no sentido de confiável” (Vanhoozer, 2016, p. 31), com efeito de que ser cristão é seguir ativamente o caminho de Jesus em direção ao reino de Deus. Por fim, “ter ‘vida’, no sentido teológico, é estar em um relacionamento de comunhão com Deus […] é estar incluído na vida de Deus” (Vanhoozer, 2016, p. 32). Deve-se buscar comunhão completa, conformando-se à imagem do próprio Cristo, tanto em pensamento quanto em afeto, seja na esfera moral ou na espiritual, na teoria e na ação. Afinal, Jesus é o Evangelho. Jesus é a chave hermenêutica para as Escrituras: não somente o Cristo que é pregado, mas o Cristo que vive, que andou entre os homens, encarnando a sabedoria divina. Parte da “encenação” fiel, portanto, é encarnação, corporificação, vida9.
Neste sentido, a jornada teodramática está intimamente relacionada à prática: é a maneira que o cristão imita e reflete Cristo em seu cotidiano, pensando como Cristo perante os desafios, agindo como Cristo diante das circunstâncias, amando como Cristo entre a humanidade, caminhando como Cristo no mundo – e comunicando efetivamente as boas notícias ao mundo através da própria vida, manifestando o reino dos céus ainda na Terra. Isto posto, é por meio da jornada teodramática que o drama da doutrina se conecta ao drama dos homens no testemunho vivo para a glória de Deus. Porque, conforme escreveu o apóstolo Paulo, “a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que, com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria humana, mas, na graça divina, temos vivido no mundo e mais especialmente para convosco” (2 Coríntios 1:12).
Considerações finais
A abordagem teodramática de Vanhoozer frisa a necessidade de dar continuidade ao cânon bíblico através da vivência cristã, prova real e testemunho efetivo da nova criação em Cristo. Para que esse objetivo seja alcançado, o desenvolvimento de uma imaginação canônica – isto é, de uma mente segundo a do próprio Jesus – assume a frente e o centro de um método apelidado de jornada teodramática. No contexto da educação cristã clássica, a qual se concentra no cultivo da cultura e na instrução do desejo, a jornada teodramática figura como um enfoque prático, aplicável ao processo vitalício de discipulado cristão.
Neste diapasão, a pergunta central que este trabalho se propõe a responder é: como a imaginação canônica – situada na jornada teodramática – pode ser aplicada na educação cristã clássica? A resposta se encontra não na teoria, mas na ação mediada pela mente de Cristo – o pensar, sentir, agir e reagir segundo Jesus. A imaginação canônica insere-se na educação como uma aliada capaz de interligar conhecimento e compreensão com a prática condizente com o drama escriturístico. A jornada teodramática nada mais é do que a caminhada do cristão que busca seguir a Jesus – e as pegadas que este trajeto deixa na areia molhada do mundo.
À vista disso, conclui-se que, a fim de promover uma prática cristã fiel e contextualmente adequada, a jornada teodramática descortina ao homem a consciência de que ele faz parte de um drama maior, cujo roteiro foi escrito pelo próprio Deus e cuja atuação nos foi confiada como privilégio e dever. A grande questão é, enquanto ator, como o homem responde a esse chamado dramático: atuará conforme esse roteiro que foi revelado ou em desobediência e desconsideração a esse roteiro? Encenará as cenas do reino dos céus ou do mundo?
Este estudo, portanto, apresenta uma relevante contribuição ao discipulado de mentes e corações através da utilização da jornada teodramática como uma ferramenta eficaz para promover a imaginação canônica, oferecendo uma abordagem valiosa para a educação cristã clássica, capaz de orientar uma prática cristã fiel e contextualizada. Espera-se que seja apenas o primeiro passo rumo à vivência, manifestação e “encenação” autêntica do Evangelho de Cristo.
1 Teóloga. Mestranda em Teologia. Especializando-se em Novo Testamento, Educação Cristã Clássica e Literatura. Email: [email protected].
2 Longe de assemelhar-se a uma noção de falsidade, a “encenação” do drama canônico, segundo Vanhoozer (2016), diz respeito a dar continuidade aos ensinamentos bíblicos através da prática cristã fiel e contextual.
3 Interpretar é atuar e atuar também é interpretar. O subjetivismo do mero conhecimento não basta. O intérprete é alguém que está em atuação. Dito isso, o leitor bíblico também é um ator, não no sentido de que ele está enganando as pessoas, ou que é um impostor, mas porque ele está interpretando o drama bíblico no seu próprio contexto e com seus próprios desafios, enfrentando as suas próprias contextualizações.
4 Nas palavras de Vanhoozer, “a situação não muda o nosso roteiro, mas pode afetar a encenação”, pois “não se pode reagir a Deus mecanicamente” (2016, p. 340).
5 A responsabilidade humana diz respeito à interpretação (enquanto “encenação”), não só ao mero conhecimento.
6 O roteiro deve ser colocado em ação e a teologia fornece as “instruções de palco”, as “direções para deliberar bem a respeito do que Deus fez em Cristo e de como devemos viver à luz do evangelho a fim de viver bem uns com os outros diante de Deus” (Vanhoozer, 2016, p. 339).
7 Dito isso, vale destacar que essa tríade exposta por Vanhoozer esboça uma semelhança notável com o Trivium da educação cristã clássica, o qual consiste em conhecer, compreender e praticar as verdades apreendidas. De fato, embora o Trivium, enquanto ferramenta educacional, tenha emergido no medievo, bebendo da fonte grega, paralelos semelhantes remontam da cultura hebraica e podem ser percebidos ao longo da Bíblia. Conforme leciona Harvey e Laurie Bluedorn (2016, p. 86), “encontraremos esse refrão: conhecimento, entendimento e sabedoria entrelaçado em toda a Escritura, e de modo especial no livro de Provérbios”, como nos versos 2:6 e 3:19-20, por exemplo.
8 O drama “dentro do drama”, a partir dos personagens bíblicos que encenam o roteiro ora mais e ora menos fiéis.
9 Isto posto, o modelo da “encenação fiel” como método pedagógico pode oferecer uma ponte eficaz entre teoria e prática, indo além das abordagens meramente propositivistas ou moralistas.
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BLUEDORN, Harvey; BLUEDORN, Laurie. Ensinando o Trivium: estilo clássico de ministrar a educação cristã em casa. Trad. William Bottazzini. Brasília: Monergismo, 2016.
JOSGRILBERG, Rui de Souza. Revista Caminhando, v. 16, n. 1, p. 41-50, jan./jun. 2011.
TURLEY, Steve. Abolição da sanidade. Trad. Ulisses Teles. São Paulo: Editora Trinitas, 2020.
VANHOOZER, Kevin J. O drama da doutrina: uma abordagem canônico-linguística da teologia cristã. Trad. Daniel Oliveira. São Paulo: Vida Nova, 2016.