Escrito por Drielle de Souza, estudante do Pocket Essencial 2023
O apóstolo Paulo, em Colossenses 3:15-17, afirma:
Que a paz de Cristo seja o árbitro no coração de vocês, pois foi para essa paz que vocês foram chamados em um só corpo. E sejam agradecidos. Que a palavra de Cristo habite ricamente em vocês. Instruam e aconselhem-se mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais, com gratidão no coração. E tudo que fizerem, seja em palavra, seja em ação, façam em nome do Senhor Jesus, dando por ele graça a Deus Pai.
Nesta passagem, Paulo usa os termos “instruir” e “aconselhar”. Para definirmos esses termos, afirma-se que instruir capacita você a olhar a vida sob a perspectiva de Deus e aconselhar, por sua vez, é ajudar você a se ver sob a perspectiva de Deus1. Aconselhamento também é uma conversa em que uma das partes, com questões, problemas e dificuldades, procura auxílio de alguém em quem acredita ter respostas, soluções e ajuda2. Nós, mães, aconselhamos e instruímos a todo tempo, seja quando solicitadas, como definiu Heath Lambert, seja quando julgamos necessário. Entretanto, como mãe de um adolescente, com quase 16 anos, posso afirmar que, por muitas vezes, meu conselho sequer é solicitado. No entanto, observando e entendendo a necessidade de intervir com meus conselhos, exerço o que diz Gálatas 6:1 :“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura e guarda-te para que não sejais também tentado”.
Por vezes, distraída com os de fora, me esqueço de que onde mais aconselho é dentro de casa. Claro que não é um aconselhamento formal, com coleta de dados (esses são colhidos no dia a dia) e solicitado pelo aconselhado, mas com percepção e olhar atento de uma mãe. Entendi, por meio da maternidade, a importância de se buscar conhecimento teológico, pois como seria uma boa conselheira, como ajudaria meu filho em sua caminhada, nas suas dúvidas, sem uma boa base bíblica? Afinal, aconselhamento é uma disciplina teológica3.
Nós, mulheres, hoje, somos incentivadas a estudar e nos dedicar a tantas coisas e a carreira profissional, geralmente, está no topo dessa lista. Então, por que não me dedicar a estudar e buscar conhecimento para ser uma mãe melhor? Toda mãe deveria ter a oportunidade e o desejo de estudar teologia para se tornar uma boa conselheira bíblica para seus filhos. Entender que a Bíblia é suficiente para aconselhar e instruir meu filho acalmou meu coração. E isso não significa que tudo o que está fora dela deva ser desprezado (se assim fosse, não teria aprendido nada com os irmãos Tripp em suas obras) mas ela se torna o meu filtro, as minhas lentes pela quais enxergo o mundo e baseio as minhas crenças.
Conhecer a Bíblia é fundamental para saber o que dizer e ela é sábia o suficiente para nos instruir, aconselhar e direcionar, pois aconselhamento é exposição e confronto bíblico. Através do conhecimento das Escrituras, consigo entender que existem questões de limites claros e questões de sabedoria. As questões de limites claros são aquelas sobre as quais Deus fala claramente, e o que é certo e errado não deixa dúvidas. Basta exercer a sua convicção pessoal, bíblica e internalizada. Já as questões de sabedoria são aquelas em que não existe um “assim diz o Senhor” diretamente para nós. Assim, é necessário que se tenha conhecimento das Escrituras, pois lá estão as orientações para desfrutarmos de uma vida abundante e sábia neste mundo caído4. Ou seja, com o conhecimento necessário da Palavra do Senhor, estou munida para direcionar e instruir a minha criança no caminho em que ela deve andar5.
Em suma, aconselhamento é instrução e ordenança de Deus para o crescimento do seu povo. Por isso, como mães, devemos aconselhar nossos filhos, e os seus corações devem ser nosso alvo. Existe uma guerra diária pelo coração deles. No entanto, nosso conselho deve ser redentivo, isto é, devemos apontar Cristo e traçar um retorno do fracasso à imagem plena de Deus e facilitar a restauração dessa imagem através do aconselhamento6.
1 TRIPP, Paul. Vocação Perigosa: os tremendos desafios do ministério pastoral. Tradução: Meire Portes Santos. São Paulo: Cultura Cristã, 2014, p. 78.
2 LAMBERT, Heath. Teologia do aconselhamento bíblico: fundamentos doutrinários do ministério de aconselhamento. Tradução: Airton Williams Vasconcelos Barboza. Eusébio, CE: Editora Peregrino, 2017, p. 17.
3 Ibid., p. 15.
4 TRIPP, Paul. A idade da oportunidade. Tradução: Talita Baulé. São Paulo: Batista Regular, 2017, p. 178.
5 Provérbios 22:6.
6 LAMBERT, op. cit., p. 207.
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Referências bibliográficas
TRIPP, Paul. A idade da oportunidade. Tradução: Talita Baulé. 2. ed. São Paulo: Batista Regular, 2017. 348 p.
Bíblia Sagrada. Tradução: João Ferreira de Almeida. Revista e atualizada no Brasil. 3. ed. Barueri, SP: 2018. 952 p.
LAMBERT, Heath. Teologia do aconselhamento bíblico. Tradução: Airton Williams Vasconcelos. 2ed. Barboza. Eusébio, CE: Peregrino, 2017. 357 p.
TRIPP, Paul. Vocação perigosa: os tremendos desafios do ministério pastoral. Tradução: Meire Portes Santos.1. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2014. 192 p.