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Resenha: Raízes da cultura ocidental

Escrita por João Uliana Filho, tutor e colaborador do Invisible College


DOOYEWEERD, Herman. Raízes da Cultura Ocidental: as opções pagã, secular e cristã. Trad. Afonso Teixeira Filho. São Paulo: Cultura Cristã, 2015. 256 p.


“Dooyeweerd não é fácil de entender”. Esta afirmação é de James Sire, em Dando nome ao elefante1 (2019: 128), e certamente concordamos com ele. Contudo, há uma razão de ser assim.  Dooyeweerd, que não era filósofo de formação, mas da área do direito, como todo grande pensador sistemático, foi extremamente rigoroso, descrevendo com cautela seus argumentos, usando termos, ora comuns, ora nem tanto, de maneira técnica e carregada de especificidades. Raízes da cultura ocidental é assim. Para os que não estão habituados à terminologia de Dooyeweerd, fica a sugestão de uma inspeção prévia à terminologia utilizada. Isso facilitará o acesso ao pensamento e à obra deste distinto autor.

Herman Dooyeweerd (1894-1977), renomado jurista holandês e herdeiro da tradição neocalvinista2 iniciada por nomes importantes como Guillaume Groen van Prinsterer e Abraham Kuyper, é um nome que tem se tornado cada vez mais conhecido em terras brasileiras, com algumas obras importantes publicadas em português. Além das obras do próprio Dooyeweerd já disponíveis, há uma crescente onda de publicações de outros autores herdeiros da tradição dooyeweerdiana. Entre os nomes importantes dessa tradição se encontram David Koyzis (na análise política) e Hans R. Rookmaaker (na análise da estética), entre outros. A filosofia reformacional3, como ficou conhecida a filosofia de Dooyeweerd, ganhou proporções globais e, em alguns locais, como no Brasil, o interesse por essa abordagem filosófica cristã tem crescido no decorrer da última década.

Raízes da cultura ocidental é uma obra imprescindível para qualquer pessoa que deseje se aprofundar no pensamento de Dooyeweerd. Nela, estão presentes elementos fundacionais de seu pensamento que serão mais bem desenvolvidos naquela que é considerada sua obra magna, ainda sem tradução para o português, The New Critique of the Theoretical Thought. Raízes4 é fruto da reunião de uma série de artigos escritos por Dooyeweerd logo após a Segunda Guerra Mundial, compilados e publicados pela primeira vez em 1959, ainda em holandês. Com alguns acréscimos e reedições, a obra foi publicada em inglês pela primeira vez em 1979.

A presente edição, em português, é de 2015. Conta com um preâmbulo de D. F. M. Strauss, reconhecidamente um dos grandes nomes da filosofia reformacional hoje, um prefácio escrito pelo próprio Dooyeweerd para a edição de 1959, e outros dois prefácios da edição de 1979, um do tradutor John Kraay e outro do editor Bernard Zylstra. Além disso, há um Glossário elaborado pelo canadense Albert Wolters, outro importante nome da tradição, e um diagrama que ilustra parte do pensamento desenvolvido na obra.

A obra em si conta com oito capítulos e uma breve e importante introdução. Nela, Dooyeweerd aponta os motivos imediatos que o levaram a escrever aqueles artigos – agora transformados em livro. Imediatamente após a Segunda Guerra e na efervescência de novos rumos políticos e sociais, a Holanda via o “Movimento Nacional Holandês” enfatizar uma “renovação espiritual” (p. 13) como uma necessidade para a unidade do povo holandês após a desocupação alemã. Dooyeweerd percebeu os conflitos que a proposta de renovação e unidade escondiam e destacou duas questões que fundamentam todo o desenvolvimento da obra. Em primeiro lugar, o princípio da antítese cristã não poderia ser desconsiderado. O Movimento propunha uma unidade entre cristianismo e humanismo pelo bem da nação. Contudo, era impossível ao cristianismo abdicar de sua “força espiritual” (p. 15). Em segundo lugar, para o cristão, a antítese é tão evidente que o próprio diálogo com outras formas de pensamento não pode ficar na superficialidade das ações, nem em teorias e ideologias como se fossem neutras, mas penetrar profundamente nas raízes da antítese, ou seja, “quando ambos os lados procuram penetrar na raiz de suas diferenças” (p. 17). Este será, portanto, o caminho de Raízes da cultura ocidental, “o caminho do autoexame” (p. 19).

O primeiro capítulo, dando nome à obra – Raízes da Cultura Ocidental, é fundamental para tudo o que será desenvolvido posteriormente. Numa espécie de arqueologia do pensamento na busca de suas próprias fundamentações, e num movimento que dá um passo além de onde foi Kant em sua Crítica5, Dooyeweerd trabalhará o conceito de antítese, não no sentido da dialética hegeliana, mas no que ele chama de dialética religiosa. Essa distinção antitética, de qualidade religiosa, parte da distinção radical entre Criador e criatura, apontando para a herança reformada de Dooyeweerd. Tal distinção, cara aos reformados, impede que “pontos de partida cristãos e não cristãos sejam sintetizados teoricamente” (p. 21), exatamente o desejo do manifesto do Movimento Nacional Holandês. A partir disso, Dooyeweerd elabora, ainda no primeiro capítulo, as forças que operam sobre as ações humanas e que distinguem cristãos de não cristãos. Historicamente, no Ocidente, forças não cristãs operavam desde a antiguidade grega e os primeiros desenvolvimentos da cultura. Essas forças foram chamadas por Dooyeweerd de motivos básicos. Estes são como fundamentos anteriores ao próprio pensamento, precedendo a afeição e a volição. São fundamentos religiosos, não no sentido confessional, mas no seu sentido mais elementar, no relacionamento do ser humano integral com o Criador, que se dá em submissão a Ele, ou, em rebeldia a Ele.

Assim, os motivos básicos em rebeldia ao Criador foram identificados em três dualidades – matéria e forma (entre os gregos); natureza e graça (numa síntese entre o pensamento grego e o cristianismo, como visto na Idade Média); e natureza e liberdade (agora uma síntese entre o pensamento grego e os ideais de autonomia presentes na modernidade). Em oposição a eles está o motivo básico bíblico, genuinamente cristão, fundamentado no trinômio Criação, Queda e Redenção. Essa descrição da antropologia de Dooyeweerd o fez importante para o desenvolvimento do conceito de Cosmovisão na reflexão de autores importantes como James Sire e David Naugle. A profundidade da antítese é tamanha que não está meramente no nível intelectual, mas nos “compromissos do coração”. Um motivo básico não opera em conceitos, mas numa inclinação religiosa que nos direciona e da qual somos servos. Assim está iniciada a proposta de Herman Dooyeweerd, identificando os motivos básicos que operam no coração do ser humano. Segundo Dooyeweerd, o coração é a unidade central de todas as funções humanas, como a Escritura apresenta.

No segundo capítulo, A Soberania das Esferas, voltamos ao princípio criacional, agora não mais voltado apenas ao indivíduo, mas ao desenvolvimento social que o indivíduo operou na história. Esse desenvolvimento será exposto também por Dooyeweerd no capítulo três, História, Historicismo e Normas. Primeiramente, é preciso perceber como o autor entende os aspectos da realidade. A pergunta é: como o ser humano, movido por motivos básicos, experimenta a realidade criada? Para Dooyeweerd, “a realidade criada apresenta uma grande variedade de aspectos ou modos de ser” (p. 55), ou seja, a realidade pode ser experimentada de diferentes modos, ou, em diferentes modalidades. Em Raízes, Dooyeweerd identificará quatorze modalidades distintas que nos permitem experimentarmos a realidade. São elas: número, espaço, movimento, vida orgânica, sentimento emocional, distinção lógica, desenvolvimento histórico da cultura, significado simbólico, interação social, valor econômico, harmonia estética, lei, avaliação moral e certeza de fé (p. 56)6. É verdade que todos os aspectos se relacionam quando estamos tendo uma experiência ordinária, mas o ponto fundamental de Dooyeweerd é que “os vários aspectos da realidade, no entanto, não podem ser reduzidos uns aos outros em sua relação mútua” (p. 58).

A irredutibilidade de cada aspecto da realidade torna-se um ponto importantíssimo para o pensamento de Dooyeweerd. Aqui, as influências de Guillaume Groen van Prinsterer e Abraham Kuyper ficam bastante evidentes, no conceito de soberania das esferas. O argumento, em si, é simples, embora suas implicações teóricas e aplicabilidade prática tornem-se um processo descritivo bastante sofisticado. O argumento consiste em identificar uma estrutura criacional específica, livre de contradição, que legisla sobre cada um dos aspectos da realidade, formando esferas próprias que não podem ser reduzidas umas às outras. O mundo corporativo, por exemplo, operando no aspecto dos negócios, não pode legislar sobre a família, que opera no aspecto ético. Como dissemos, a construção de um exemplo é bastante complexa e levanta inúmeras questões, muitas delas tratadas à exaustão por Dooyeweerd e até hoje por seus herdeiros. Entretanto, o princípio de que cada esfera social deve atuar soberanamente não é arbitrário, mas fundamentado na estrutura criacional, sob as leis do Criador. Um exemplo disso, tratado com cuidado por Dooyeweerd em Raízes, é o desenvolvimento do aspecto histórico. A importância dessa atenção específica está justamente na qualidade e motivação dos artigos que compõem a obra, conforme apresentado na introdução. Seguindo Dooyeweerd, “o cerne e o núcleo do aspecto histórico da realidade é o modo cultural de ser” (p. 83), ou seja, a atividade cultural molda o desenvolvimento histórico. Ela amplia e diferencia a sociedade em suas relações internas e externas. Contudo, ela jamais pode ser absolutizada, como propôs o historicismo visto no hegelianismo ou no marxismo. Esse tipo de ação onde um aspecto se sobrepõe aos demais implica num reducionismo que desrespeita a estrutura criacional da realidade. Percebemos aqui, com certa clareza, como os motivos básicos não cristãos operam, desde o coração humano, até as esferas mais altas da sociedade, como na Igreja, na família e no Estado. A antítese religiosa também fica evidenciada. Num processo reducionista, o Movimento Nacional Holandês propõe sintetizar cristianismo e humanismo – segundo Dooyeweerd, um “socialismo personalista” (p. 14). Isso, se levado à cabo, destruiria toda a força espiritual cristã. Um colapso inaceitável.

O capítulo quatro, Fé e Cultura, é imprescindível nesse momento da argumentação, pois, como um aspecto limite, a fé está sempre relacionada a toda experiência humana. Não é diferente com os aspectos culturais de formação da sociedade. É verdade que o Estado humanista não tem condições de legislar sobre toda a realidade, porque, segundo os critérios criacionais, sua esfera de ação está restrita a si mesma e somente a ela. Nossos esforços culturais não podem ir contra tais determinações, e a fé tampouco pode ser dirigida aos aspectos imanentes da realidade, mas estar aberta ao desafio de voltar-se para o Criador. Todo aspecto reducionista da realidade implica numa idolatria, ou seja, a fé direcionada àquilo que não é de fato Deus, mas que lhe foi atribuído uma função absoluta que só Deus pode conter.

Os capítulos cinco, seis, sete e oito são intitulados, respectivamente, como A Grande Síntese, O Humanismo Clássico, Redirecionamento Romântico e A Ascensão do Pensamento Social. Neles, Dooyeweerd trabalhara desenvolvimentos específicos, historicamente datados, de motivos básicos apóstatas operando na sociedade ocidental e, em continuidade, como chegamos onde chegamos, ou, porque a proposta do Movimento Nacional Holandês era, naquele momento, tão sedutora.

O início se dá na síntese primitiva entre o cristianismo e o pensamento grego, que, por sua vez, não era autóctone, mas havia recebido influências de outras culturas, como o zoroastrismo do Oriente Médio. Nessa síntese se desenvolverá toda a teologia – bastante abrangente socialmente falando e não nos termos restritos atuais – católica-romana. Tomás de Aquino (século XIII) surge, na leitura dooyeweerdiana, como um grande nome dessa síntese, trazendo a filosofia aristotélica, que, sabe-se, ele recebeu via tradução árabe de figuras como Avicena e Averróis, para dentro da fé cristã e dos espaços sagrados da religião. Uma das prerrogativas que se desenvolveram foi a separação entre natureza e graça, que operavam independentes. Um dualismo assim obviamente romperia com o princípio criacional que deveria fazer do Deus Criador o Senhor de toda a realidade. Essa dicotomia teria prazo de validade até a geração seguinte. Ela seguiria equilibrando-se até Guilherme de Ockham e o século XIV, quando o final da Idade Média apontaria para a total separação entre o ambiente da fé e o ambiente da razão, entre o ambiente da crença e o ambiente da ciência. Mesmo Lutero, já na Renascença e dando início à Reforma Protestante, não conseguiu superar essa dicotomia. Vida natural e vida sobrenatural estavam separadas, pois, “para Lutero, esse conflito se expressava como a oposição entre lei e evangelho” (p. 161). Esse modo de encarar a realidade acabava por eleger a razão suficiente e autônoma para operar nos ambientes da natureza, em contraste com a fé que operava apenas nos ambientes restritos da religião.

No capítulo seis, O Humanismo Clássico, Dooyeweerd apresentará as consequências dessa ruptura entre razão e fé na crise do final da Idade Média, com a óbvia primazia da razão. O filósofo destaca, então, o “quarto motivo básico” (p. 170), denominado natureza e liberdade, como o “grande movimento espiritual humanista do período moderno” (p. 170). É verdade que no período anterior, onde natureza e graça era o fundamento dominante, as implicações políticas apareciam em coalizão com as intenções da Igreja de Roma. Dooyeweerd aplica boa parte do capítulo cinco para descrever esse movimento social e político, claro, sobre a estrutura do conceito de motivos básicos que ele está trabalhando na obra. Entretanto, especialmente no capítulo seis, essa ênfase torna-se ainda mais evidente, visto que o conceito de graça, antes operando em dualidade ao conceito de natureza, agora foi abandonado de vez e substituído pela noção moderna de liberdade, de autonomia do ser humano em relação a Deus. Notamos, mais uma vez, que a antítese, antes de ser minimizada, está ainda mais evidente, e agora, mais forte do que nunca. Inclusive, a noção do conceito de natureza não é o mesmo no humanismo clássico. Depois das descobertas científicas de homens como Copérnico, Galileu e Newton, a natureza passou a ser vista não mais como o espaço da “ordem da criação”, ou como o “preâmbulo da graça” (p. 173), mas tão somente como o local da ação do ser humano. Para Dooyeweerd, “a força motriz da pesquisa científica da humanidade moderna era o ideal do domínio completo sobre a natureza” (p. 173). A natureza não era mais o espaço sagrado da ação de Deus, mas o local da liberdade e autonomia humana. 

Na esfera política, o mesmo princípio é buscado por figuras como John Locke, Rousseau, e Thomas Hobbes. O chamado liberalismo clássico, sob o lema da “liberdade e igualdade” (p. 184), pavimentava o caminho do que seria a Revolução Francesa, no final do século XVIII, seu ideal de ser humano e seu ideal de Estado. Tudo baseado na lei-natural. Apesar dos ideais soarem bem aos ouvidos, a prática se deu num Estado autoritário que, à recusa da noção de graça, tornou-se ele próprio o agente soberano sobre toda a realidade.

O capítulo sete, Redirecionamento Romântico, é breve e serve como uma dobradiça entre o período da Revolução Francesa e o ambiente espiritual que se seguirá com o nascimento da sociologia moderna, que será apresentado no capítulo oito. No caso do Romantismo, este “entronizou a comunidade nacional e seu espírito totalmente nacional e individual [volksgeest]. Essa comunidade substituiu o indivíduo indistinto da lei natural humanista e da Revolução Francesa” (p. 202). Ou seja, no período romântico, o ideal de Estado anterior foi substituído pelo ideal de comunidade, e, apesar de vários elementos cristãos entrarem jogo aqui, o humanismo permaneceu dominante. O ideal de comunidade conforme apontado pelas Escrituras será sempre o ideal de comunidade criada, em direção ao Criador, enquanto aqui o ideal de comunidade no Romantismo estabelece a força da liberdade e da autonomia. Foi este o período da Restauração, onde erros do passado foram bem reconhecidos, mas o caminho a seguir permaneceu o mesmo, abrindo caminho para o que se seguiria, apresentado no capítulo oito, A Ascenção do Pensamento Social.

O capítulo oito fecha a análise de Dooyeweerd que, como percebemos no decorrer da obra, entende que as ações culturais foram a força motriz que levaram à cabo, via um historicismo absolutista, o projeto de uma humanidade que rejeitou a antítese entre Criador e criatura. O irracionalismo do romantismo foi rejeitado pela nova escola sociológica, e um retorno aos ideais racionalistas, especialmente nas ciências, voltava ao jogo. Uma análise racional da cultura fragmentada após o fracasso da Revolução Francesa levou, finalmente, ao interesse pela ideia de luta de classes como um arranjo social desvinculado de qualquer normatividade que não fosse intrínseca a ela própria. Por fim, entendemos porque Dooyeweerd dedica atenção especial ao aspecto histórico. Sua determinação na construção da cultura, dos modos de ser e de pensar, é fundamentalmente absolutizada.

Diante do que Dooyeweerd nos apresenta, o texto Raízes da cultura ocidental deve ser enfaticamente recomendado. Não só pelo aspecto inegável de sua importância histórica para uma das correntes filosóficas cristãs mais importantes, especialmente na tradição Reformada, mas também por sua amplitude teórica e prática. A obra não se detém nos aspectos teóricos da filosofia da ideia cosmonômica – como ficou conhecida a filosofia de Herman Dooyeweerd. Para tanto, há outras obras, como No crepúsculo do pensamento ocidental e a já citada New Critique of the Theoretical Thought, mas, a partir dos conceitos apresentados, uma análise profunda dos desenvolvimentos históricos é elaborada com toda a sofisticação de uma filosofia rigorosa. Além disso, tornando ainda mais clara a influência de Abraham Kuyper, os princípios da fé cristã precisam interagir com a cultura, com a política, com a ciência, e com todo o tecido social, e Dooyeweerd faz isso muito bem.

Dito isso, é igualmente inegável que a análise histórico-cultural elaborada por Dooyeweerd a partir dos seus conceitos de antítese religiosa, motivos básicos religiosos e ideia de lei – este último sendo pouco explorado nesta obra – constitui uma abordagem robusta, tanto da filosofia enquanto ciência quanto da fé bíblica numa acepção comunitária e missional. Para o cristão, muitas coisas são colocadas às claras quanto à nossa forma de exercício público da fé. Para o não cristão, ainda que não tenha os mesmos princípios apontados por Dooyeweerd – e ele já contava com isso – o trabalho de “lidar com isso” é incontornável.


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1 SIRE, James W. Dando nome ao elefante: cosmovisão como um conceito. Trad. Paulo Zacharias e Marcelo Herberts. Brasília/DF: Editora Monergismo, 2019 [2012], 246 p.

2 Neocalvinismo é um termo que remonta até Abraham Kuyper e a reforma, ou avivamento, calvinista na Holanda no início do século XX. A principal característica do movimento foi sua interação com a cultura e a política. Não por acaso Kuyper tornou-se primeiro-ministro holandês de 1901 a 1905. Temas teológicos como Graça Comum e Mandato Cultural têm bastante relevância no desenvolvimento do neocalvinismo.

3 A Filosofia Reformacional refere-se ao pensamento filosófico desenvolvido por Herman Dooyeweerd a partir do neocalvinismo holandês. Considerada uma verdadeira filosofia cristã, há boas introduções ao tema publicadas em português, como a obra de SPIER, J. M. O que é a Filosofia Calvinista. Tradução de Felipe Sabino de Araújo Neto. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2019; e  KALSBEEK, L. Contornos da filosofia cristã. Tradução de Rodrigo Amorim de Souza. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2015.

4 Obra em 3 volumes, publicada em inglês pela Paidéia Press Ltda. em 1984.

5 Cf. David Naugle, in: Cosmovisão: a história de um conceito, p. 56.  “Embora Kant em sua Crítica da razão pura tivesse revertido a tradição da razão ocidental ao mudar a ênfase da primazia dos objetos independentes para as categorias a priori da mente subjetiva, Dooyeweerd mudou a ênfase das categorias a priori, universais, da mente humana para as afeições universais do coração humano. Teoria e prática são um produto da vontade, não do intelecto; do coração, não da cabeça. Ao fazer essa proposta, Dooyeweerd apresentou sua ‘nova crítica do pensamento teórico’ contra Kant, na premissa de que a religião é extremamente transcendental. A religião não está mais incluída nos limites da razão, mas a razão está incluída nos limites da religião, como tudo o mais da vida”.

6 Conforme o diagrama na última página da obra, elaborado por D.F.M. Strauss, atualmente os desenvolvimentos da filosofia reformacional trabalham com quinze modalidades de aspectos, mas isso veio como um desenvolvimento posterior.