Caro John,
Fico feliz pelo seu recente interesse por apologética, a defesa da fé. Como você disse no seu último email, devemos estar sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir a razão da esperança que há em nós (1Pe 3:15). Vi também o seu entusiasmo com a leitura de Em guarda, do Dr. Craig. Aquele debate com o Dr. Atkins foi realmente formidável. Sem dúvidas um dos melhores que já pude assistir.
Mas confesso que tenho me preocupado com você. Por um lado, é indiscutível o seu amor pela verdade e o zelo que tem demonstrado pela sã doutrina (Tt 2:1). Em nossas conversas, os assuntos giram em torno do evangelho e de como comunicá-lo às pessoas. Isso é muito louvável. Por outro lado, às vezes me parece que o seu zelo tem se transformado num perigoso ativismo nas redes sociais.
Aquela discussão calorosa com seu amigo foi desnecessária. Você parecia mais interessado em “vencer o debate” a todo custo com seus argumentos do que realmente alcançar a vida daquele jovem para Cristo. O orgulho é perigoso ao coração e pode vir disfarçado sob a melhor das proposições. Sinto que ele tem prejudicado o seu progresso. Não foi por acaso que C. S. Lewis descreveu o orgulho como um câncer espiritual que corrompe a própria possibilidade do amor.
Outro ponto que me preocupou no último email foi o que entendi como um apego demasiado no poder persuasivo dos argumentos. Não me entenda mal. Não estou querendo dizer que, como cristãos, não tenhamos boas razões para a nossa fé. De fato temos e devemos usá-las. Entretanto, a conversão cristã é mais do que um assentimento intelectual; ela envolve o coração. É necessário nascer de novo, pelo Espírito Santo (Jo 3:3).
Espero tê-lo ajudado. E não deixe de ler as Escrituras, John. Isso deve ser um hábito. Lembre-se daquele conselho do grande Spurgeon: “Visite muitos bons livros, mas viva na Bíblia”. Um bom apologeta é alguém que “maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15).
Em Cristo.