Artigo escrito por Nadiely Ketleen de Sousa Mendonça, estudante do Pocket Essencial 2023
No princípio, Deus criou. O Deus que não foi criado e que é para sempre. Sua criação mostra toda a sua glória e fomos feitos para refleti-la. Como um poste de Londres transformado em lampião em Nárnia por Aslam1, cada aspecto da criação, quando tocado pela mão divina, é proclamado como bom. O chamado para criar ressoa na humanidade, originada do pó, mas, por vezes, duvidamos se a criatividade em nós é um meio de servir a Deus e a achamos dispensável em nossa jornada2.
No Antigo Testamento, a arte está muito presente por mandado do Senhor em construções e ornamentos. No livro O senhorio de Cristo, o teólogo Vern Poythress aponta esse fato: “O tabernáculo de Moisés e o templo de Salomão com seu mobiliário mostram grande beleza. As instruções para fazer as vestes sacerdotais dizem explicitamente que eles são “para glória e ornamento” (Êx 28.2)” (POYTHRESS, 2019, p. 136). O Criador não dispensou detalhes ao proferir suas ordens e ao descrever como tais elementos deveriam ser concretizados. Somos frutos da criatividade de Deus e essa chama criativa também está no íntimo do nosso ser.
Pode-se declarar que a expressão artística é uma manifestação legítima da imagem de Deus em nós, pois ele nos convida a continuar a Sua obra no mundo e “qualquer coisa que fizermos, faremos como filhos de Deus. Nosso cristianismo não serve apenas para os momentos piedosos ou atos religiosos.” (ROOKMAAKER, 2010, p. 38). No entanto, é comum perceber no público cristão brasileiro a minimização da expressão artística em detrimento de outras vocações consideradas mais “práticas” ou litúrgicas. Esse afastamento pode resultar em um empobrecimento cultural e espiritual, pois negligencia a oportunidade de explorar a beleza e a complexidade do divino por meio da criação humana.
Pinturas, esculturas, música e literatura têm o poder de tocar os corações e as mentes de maneiras que palavras isoladas muitas vezes não conseguem. Elas podem servir como um meio poderoso de testemunho. Quando usamos nossos dons criativos para expressar a mensagem do Evangelho, estamos envolvendo não apenas a mente, mas também a imaginação e a emoção das pessoas. Ela pode se tornar uma ferramenta valiosa para comunicar e compartilhar a verdade eterna da fé.
Reconhecer que Deus nos fez criativos é aceitar um convite para explorar e expressar os dons que Ele nos deu. Subestimar a importância da criatividade é negligenciar uma parte fundamental da nossa natureza divinamente inspirada. Ao abraçar nossos dons criativos, não só honramos a imagem de Deus em nós, mas também contribuímos para a construção de um mundo mais belo, profundo e significativo. A criatividade, portanto, não é apenas um adorno em nossa jornada espiritual, mas um lampião que nos guia em direção à descoberta constante da maravilha e da complexidade do Criador.
Finalmente, Davi, o poeta e músico, entendia isso profundamente. Ele não cantava apenas para diversão, mas para que sua canção alcançasse os ouvidos do Deus do céu e da terra (SCHAEFFER, 2021, p. 33). Da mesma forma, nossa criatividade deve ser uma expressão de adoração, uma busca constante do reino de Deus em todas as áreas da vida. Somos livres para criar, mas somos de fato livres quando essa criação reflete e glorifica o Senhor que nos libertou.
1 LEWIS, Clive Staples. O sobrinho do mago. Tradução: Paulo Mendes Campos. Rio de Janeiro: HarperCollins, 2023, p. 61.
2 POYTHRESS, Vern. O senhorio de Cristo. Tradução: Marcelo Herberts. Brasília: Editora Monergismo, 2019, p. 135.
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Referências bibliográficas
LEWIS, Clive Staples. O sobrinho do mago. Tradução: Paulo Mendes Campos. Rio de Janeiro: HarperCollins, 2023.
POYTHRESS, Vern. O senhorio de Cristo. Tradução: Marcelo Herberts. Brasília: Editora Monergismo, 2019.
ROOKMAAKER, Henderik R. A arte não precisa de justificativa. Tradução: Fernando Guarany Jr. Viçosa: Editora Ultimato, 2010.
SCHAEFFER, Francis. A arte e a Bíblia. Tradução: Fernando Guarany Jr. Viçosa: Editora Ultimato, 2009.